Evento discute políticas de reinserção social para portadores de transtornos mentais. Especialistas e estudiosos da área reforçam necessidade de aplicação da Lei Federal 10.216
Em celebração ao Dia Mundial da Saúde Mental, comemorado nesta sexta-feira (10/10), foi realizado o I Fórum Alagoas Antimanicomial. Com o tema Desafios para a Construção da Rede de Atenção Psicossocial, o evento aconteceu durante toda a manhã, na sede do Conselho Regional de Psicologia de Alagoas (CRP-15), em Maceió.
O Fórum reuniu representantes de instituições psiquiátricas de Alagoas, acadêmicas e de órgãos estaduais e municipais que discutiram o fortalecimento de políticas públicas de reinserção do portador de transtorno mental ao convívio familiar e à sociedade.
O conselheiro presidente do CRP-15, psicólogo Félix Vilanova (CRP-15/0160) esteve presente ao evento, que contou com presença do vice-presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), psicólogo conselheiro Rogério de Oliveira Silva,
O gerente de Saúde Mental da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), Berto Gonçalo, afirmou que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em âmbito nacional há em média 23 milhões de pessoas que precisam dos serviços de saúde mental. “A estimativa é de que 12% da população já tenha desencadeado uma sintomatologia de doença mental. A dependência química em Alagoas cresceu rapidamente nos últimos cinco anos por meio do uso do álcool e outras drogas, afetando diretamente a família”, explicou.
Com esta mudança de perfil, o Estado tem reforçado as políticas de Saúde Mental, a exemplo da implantação em Maceió do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) AD3, que disponibiliza atendimento 24 horas para em torno de 220 usuários por mês.
Em Arapiraca e em Palmeira dos Índios, há os Caps AD Geral, que atendem 12 horas por dia. Com a criação da Rede de Atenção à Saúde Mental, há dez anos o Estado saltou de sete para 55 Caps, que têm focado no tratamento extra-hospitalar.
O presidente do CRP-15, Félix Vilanova, disse que o objetivo do evento é provocar a reflexão do poder público, especialistas e instituições envolvidas com a causa, no tocante à aplicação da Lei Federal 10.216, que prevê a reestruturação da reforma psiquiátrica no País.
“A ideia é mudar o modelo de tratamento à base de internação, isolamento e segregação e investir no tratamento sócio-comunitário, onde o paciente durante o dia, sem estar em surto ou crise, pode ser tratado no CAPS I ou II pelo dia, e durante a noite e também fim de semana voltar à família e a sociedade, vivendo sua vida normalmente”, destacou.
Segundo ele, do fórum deve sair um documento para ser entregue ao governador eleito, Renan Filho, e ao prefeito de Maceió, Rui Palmeira, mostrando a importância da criação e efetivação da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). “O objetivo é proporcionar aos portadores de sofrimento psíquico a possibilidade de ficar menos tempo atualmente em um hospital psiquiátrico e futuramente esse serviço possa ser executado por atendimento em Saúde Mental em Hospital Geral ou em um CAPS III, possibilitando ficar somente o tempo necessário de sair da crise ou do surto, reestruturando sua conduta, para assim voltar ao convívio sócio-familiar”, reforçou.
O Fórum contou ainda com a apresentação “A Arte que Cura”, do Consultório na Rua, formado por profissionais da Enfermagem, Terapia Ocupacional, Arte Educadores, Teatro e Música. Um dos integrantes do grupo, Jadson Andrade, afirmou que a peça teatral homenageou a precursora da reforma psiquiátrica alagoana, Nise da Silveira. Na encenação, chamou à atenção da plateia a forma brusca como uma das personagens, com suposta doença mental, é levada pelos profissionais de jaleco com uma “camisa de força”.
Assista o Vídeo do evento, no Jornal da Pajuçara Noite:
http://tnh1.ne10.uol.com.br/video/jornal-da-pajucara-noite/2014/10/10/119892/hoje-e-o-dia-mundial-da-saude-mental
por ASCOM / SESAU
Fotos: Carla Cleto
Álbum completo de fotos: https://www.facebook.com/media/set/?set=a.695639350521696.1073741902.292344770851158&type=1