O Conselho Regional de Psicologia em Alagoas (CRP-15), por meio da sua Comissão de Direitos Humanos, vem manifestar seu apoio à luta contra o preconceito, discriminação e o ódio contra as mulheres, população negra, LGBTQI+, dentre outras minorias sociais, repudiando toda manifestação que infrinja os direitos dessas populações. O código de Ética da/o Psicóloga/o preconiza em seus princípios fundamentais, que: “I – A/o psicóloga/o baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos”.
Dessa forma, as prerrogativas e o cumprimento das atribuições da profissão não estão restritas a um campo de atuação individual e centrada em uma dimensão técnica simplesmente, mas também à atuação coletiva frente a situações de violações de direito, violências, discriminação, discursos de ódio que despencam na produção de um fascismo cotidiano em rede com as práticas macropolíticas de dizimação, perseguição e criminalização dos corpos negros, pobres e periféricos, indígenas, considerando também as questões de gênero, principalmente, quanto às mulheres e aos gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, queers e intersexos.
Dados do Mapa da Violência e da ONU destacam que somos um dos países em que mais morrem jovens negros, mulheres e LGBTQI+! Além da violência recorrente e histórica contra a população indígena.
Estamos em um momento histórico em que vemos o crescimento das forças e práticas de ódio frente a estas populações. É urgente que as articulações democráticas, defensoras do Estado democrático de direito, levantem-se e componham uma luta coletiva. E a Psicologia é um dos campos de atuação e produção de conhecimento que deve agregar na luta pela democracia, pois, como bem determina o Código de Ética em seus princípios fundamentais: “II – A Psicóloga e o Psicólogo trabalharão visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades, contribuindo para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão; III – A/o psicóloga/o atuará com responsabilidade social, analisando crítica e historicamente a realidade política, econômica, social e cultural”.
É inconcebível que práticas de racismo, misoginia, machismo, preconceito e discriminações de todos os tipos ganhem visibilidade e eco nas instituições públicas. Repudiamos veementemente qualquer tentativa de construir inferiorização e deslegitimação de qualquer forma de vida, por quaisquer motivos e interesses.
Ser mulher, ser LGBTQI+, ser negro ou negra, ser indígena é ser potência de vida, motivos para orgulho e disseminação de luta e beleza. Portanto, toda e qualquer vulnerabilidade construída para estas existências deve ser combatida e repudiada. Existir é belo e toda existência é resistência! É necessário estar atentos a toda forma de inferiorização da vida por quaisquer motivos: religião, gênero, classe social, etnia, entre outros.
O espaço democrático dispensa ser espelho ou lugar para a disseminação de práticas de ódio. É urgente também afirmar o valor da vida humana independente de quaisquer situações. Além disso, práticas de tortura e demais violações do corpo são o que há de pior na humanidade, não sinais de força, mas de vergonha. Rechaçamos o que faz do corpo e da vida humanos objetos do ódio e do sofrimento, e assim, nos situemos de modo a entender a relação política e impacto de nossa atuação enquanto profissionais da Psicologia, pois como consta nos já citados Princípios do Código de Ética: “VII – A/o Psicóloga/o considerará as relações de poder nos contextos em que atua e os impactos dessas relações sobre as suas atividades profissionais, posicionando-se de forma crítica e em consonância com os demais princípios de seu Código de Ética.”
Em tempo, o CRP-15 reafirma seu compromisso social e político em defesa da democracia, no enfrentamento ao fascismo e qualquer forma de preconceito ou discriminação. A Psicologia, ciência e profissão deve contribuir para a construção de uma sociedade mais igualitária, justa e marcada pela pluralidade. Sendo assim, colocamo-nos em defesa da vida e da beleza em ser múltiplo.